A Resposta

Sou – assumo-o sem pudores – fã de David Beckham. Mas, ainda assim, também aprecio jogadores de futebol.
O que, de facto, me fascina em Beckham é perceber que, caso assim o desejasse, também eu poderia ter sido um - passe a expressão - jogador de futebol famoso. Tal como Beckham, sou alto; tal como Beckham, sou – perdoem-me o eufemismo – perfeito esteticamente; tal como Beckham, tenho um espaço cerebral ocupado com muito pouca mobília; tal como Beckham, não tenho apetência alguma para correr; tal como Beckham, sou incapaz de driblar um poste de alta tensão (mesmo que seja o Luisão). Não sou, ainda assim, exactamente igual ao número sete da selecção inglesa. Na verdade, diferenciam-nos os dígitos da conta bancária e, obviamente, o facto de eu ser um homem. Mas não me parece que esse seja um vector de análise relevante para a matéria em questão.
Poderão, neste momento – e após esta breve dissertação -, os nobres leitores perguntar com toda a propriedade: então e porque é que não te dedicas a ser craque da bola, ó Pedro? Para responder a essa pergunta, meus amigos, bastará olhar para a fotografia que está ancorada imediatamente acima deste texto. Porque há, para mim, coisas mais importantes do que o dinheiro e a fama. Evitar vomitar todos os dias é – admito-o com sinceridade– uma delas.