07 junho 2006

Diário do Mundial

O Futebloguês – tal parece, há muito, inquestionável – leva muito a sério as suas brincadeiras. Por isso mesmo – e não regateando esforços e muito menos sacrifícios – não se coibiu de colocar um enviado seu na Alemanha, onde, diariamente, irá enviar-nos uma reportagem sobre o que de mais importante aconteceu junto da selecção das quinas.
Estranhamente, e para começar, o nosso repórter enviou-nos uma entrevista que, embora nada tenha a ver com a selecção portuguesa, não deixa de ter o seu interesse jornalístico. Temos esperança, contudo, que amanhã ele nos envie algo que, de facto, esteja mais relacionado com a equipa de todos nós. Para já, aqui fica, então, uma entrevista exclusiva com Luís Filipe Scolari.

“Todos – e essa é uma verdade incontornável e desde tempos ancestrais defendida – temos o nosso papel no mundo. Luís Filipe Scolari, por mais incrível que pareça, também tem o seu. Só é pena – a avaliar pelo aspecto do seu rosto e, sobretudo, pelas palavras que exterioriza – é ser higiénico. E, acrescente-se, nem sequer parece ser absorvente e de folha dupla.
Foi com este homem, fã incondicional de Pinochet (vestia uma t-shirt com uma caricatura dele estampada no momento em que o entrevistámos), que fomos conversar um pouco. Aqui fica um diálogo extremamente interessante e que, com certeza, ajudará os portugueses a perceberem melhor algumas das opções do polémico treinador brasileiro.

Futebloguês: boa tarde, senhor Scolari.
LF Scolari: o que é que você está insinuando com isso, cara? Está dizendo que a tarde está boa para mim porque não estou fazendo nada, é? Vocês portugueses têm inveja dos brasileiros, né? Put* que pariu!
(nesta altura Scolari começa a aproximar-se perigosamente de nós e, ao que parece, com intuito de nos agredir; felizmente, e no momento em que o ia fazer, foi atingido por uma pedrada provinda não se sabe bem de onde, embora – e isto não posso afirmar com toda a certeza porque só olhei de relance – me tenha parecido que as mãos que atiraram os calhaus estavam repletas de anéis nos dedos)


Já refeito, Scolari disponibiliza-se, amavelmente – como é seu apanágio –, a prosseguir com a entrevista; desta vez, e só para evitar mais problemas, está a ser agarrado por Costinha, que, por sua vez – e para se conseguir segurar de pé –, está a ser agarrado por Fernando Meira, que, por sua vez, está ser agarrado por Quim, que, por sua vez, está a ser agarrado por Ricardo. À primeira vista, poderia parecer que estávamos perante uma fila indiana de cariz homossexual. Mas todos sabemos como as aparências iludem. Para o comprovarmos, bastará recordar o primeiro dia em que tivemos a oportunidade de ver o Petit. Na altura, se bem se recordam, o médio do Benfica parecia ser, na verdade, o jogador mais desprovido de beleza de todos quantos, um dia, pontapearam uma bola. Algo que – a partir do dia em que um rinoceronte a escorrer baba amarelada foi visto a jogar futebol – acabou por se revelar completamente falso. Mas regressemos a Scolari.
Futebloguês: senhor Scolari, como está a decorrer o trabalho aqui na Alemanha?
LF Scolari: ora, está correndo muito bem, claro. Nem sei por quê pergunta.
FB: sente que os jogadores estão prontos para iniciarem em beleza o campeonato do Mundo?

LFS: em beleza? Você está me querendo dizer que o Petit e o Maniche não devem jogar, é, cara? Eu juro que te assento a mão na cara, hein! Vocês jornalistas portugueses pensam que podem me influenciar, né? A mim ninguém me influencia, cara! O Maniche e o Petit vão jogar, sim, quer vocês queiram quer não queiram. Ora essa! Iniciar em beleza…
(nesta altura, Costinha agarra com mais força Scolari e acaba, obviamente, por ter de pedir a assistência da equipa médica, uma vez que se lesionou no dedo apontador da mão direita – um dedo que, constato agora, ainda não tinha visualizado desde que o vi chegar aqui)
FB: senhor Scolari, diga-nos: a que se deveu a escolha de Évora para a fase inicial da preparação?
LFS: ora, é bem fácil de entender, cara. Évora é uma cidade linda, ideal para passearmos e conhecermos monumentos. Onde está a dificuldade de entender?
FB: mas…e em relação a condições para treinar?
LFS: ah! Condições para treinar…Estava me esquecendo disso…Bem…Os relvados são óptimos. Pelo menos pelo que eu tive oportunidade de ver pela televisão me pareciam em bom estado…
FB: pela televisão? Mas então o senhor não esteve presente?
LFS: claro que estive. E até estive mais do que uma vez, fica sabendo! Fui lá duas vezes, cara! E agora: como é que vocês me vão criticar, hein? Duas vezes, cara! Aposto que agora vocês ficaram desarmados, né?
FB: sim, de facto ficámos. É impressionante a sua disponibilidade. Assim sim.
LFS: eu sou assim. Não me canso de trabalhar. Vocês já deviam saber disso.
(nesta altura, e ao olhar com atenção para a fila indiana que segura Scolari, constato que não encontro nenhum dedo apontador de nenhum dos seus constituintes; certamente estarei a necessitar de mudar de lentes)
FB: senhor Scolari, a que se deveu a não convocação de Ricardo Quaresma?
(nesta altura, Scolari pede-nos para desligar o gravador)
LFS: vou-te dizer mas promete que não publica, cara.
FB: claro que prometo. Pode estar descansado, senhor Scolari.
LFS: o Quaresma não veio porque o Agostinho me contou que, nos estágios dos sub-21, sempre desaparece alguma coisa. E o Petit e o Nuninho viviam me pedindo para não trazer o cigano…tinham medo de que os filmes ilegais que eles trouxeram pudessem também ser roubados. Entende o que eu quero dizer, não entende? E também tem outra coisa: eu próprio tinha medo de que, sempre que me vissem ao lado do Quaresma, dissessem aquela frase que vocês aqui dizem: ‘estou com um olho no burro outro no cigano…’
(ainda antes de termos tempo de responder, Scolari é atingido por mais uma forte pedrada, provinda, mais uma vez, e pelo que, de relance, pude observar, de uma mão direita com os dedos repletos de anéis; desta vez, o seleccionador nacional é mesmo transportado para o Hospital, obrigando a que a nossa entrevista terminasse – infelizmente - de forma abrupta)

Talvez numa próxima oportunidade seja possível prosseguir com uma entrevista extremamente interessante, e, sobretudo, democrática. É tudo, então, por hoje.

Da Alemanha para o Futebloguês,
Pedro Chagas Freitas”



1 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

tardaste mas apareceste. mta bom. eheheheheh!

quarta-feira, junho 07, 2006 6:39:00 da tarde  

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