14 abril 2006

Força, Luisão

Luisão merece-me todo o respeito. Aliás, não poderia ser de outra forma. Quem, como ele, consegue conviver com uma cara daquelas todos os dias da sua vida é – não temo as palavras – um herói. Eu próprio, apesar do meu assinalável sucesso junto das mulheres (e também da Dulce Pontes), já tive os meus dias em que me olhei ao espelho e não gostei do que vi. E esses – admito – não foram dias nada fáceis.[1] Recordo-me, até, de uma saudosa tarde em que, diante do espelho que reflectia a minha imagem, coloquei em dúvida se valeria a pena estar ali, na casa de banho daquela suite de um hotel de cinco estrelas, com uma mulher que escolhi apenas porque nada mais - com aquilo que encontrei no espelho de casa antes de sair - julgava merecer nesse dia. Cheguei mesmo a hesitar entre voltar para a cama e sair dali, em forte correria. “Estou a usar esta pobre mulher, estou a servir-me dela apenas porque hoje não me sinto capaz de arranjar melhor”, pensei. Mas depois, quando a Isabel Figueira se aproximou e me disse ao ouvido: “Quero mais”, não pude deixar de ser piedoso e voltei para o leito. Mas voltemos ao tema central do raciocínio que tento empreender.
Acredito – e afirmo-o de forma sincera e desprovida de qualquer ironia – que Luisão poderá ser um caso sério de sucesso na sua carreira. Isto, como é óbvio, se enveredar por outra profissão. Estou convicto de que o defesa-central do Benfica, que é ainda um jovem, está perfeitamente a tempo de se tornar o maior catalisador da história da Humanidade ao nível da evolução dos programas informáticos de tratamento de imagem. Luisão será, talvez, a besta[2] negra do Photoshop. Até hoje, nenhum informático – mesmo nos seus dias mais inspirados – teve competência para criar um programa que fosse capaz de fazer da cara de Luisão algo mais do que – depois de bastante burilada – a imagem de um rinoceronte visto por detrás e no exacto momento em que liberta os seus resíduos sólidos de cor acastanhada.[3] Ou, para simplificarmos a imagem, algo mais do que a boca do Petit sempre que profere uma palavra.
Se o defesa encarnado se dedicasse a cem por cento a servir de modelo às técnicas de aperfeiçoamento dos programas de tratamento de imagem, estou em crer que, um dia, seria possível alcançarmos o objectivo por que, julgo eu, toda a gente tanto anseia. Falo, como é de fácil entendimento, do suicídio colectivo de todos os informáticos do Planeta. Por isso, a Humanidade deposita grandes esperanças em ti, Luís. Não a desiludas.

[1]Devo referir – apenas para clarificar as coisas – que, em todas as ocasiões, o defeito era, evidentemente, do vidro que me reflectia. É no que dá ter uma irmã que adora colar posters do George Clooney no espelho.
[2] O uso da palavra “besta” não é, como algumas mentes torpes estarão nesta altura a intuir, uma referência indirecta e cobarde a Ronald Koeman. Até porque, neste caso, e dado tratar-se de alguém que serve – de forma voluntária – um clube como o Benfica, esse tipo de insulto acaba por, incontornavelmente, funcionar como uma fastidiosa redundância.
[3] Como se tornou evidente, evitei fazer uso da unidade lexical “merda” para descrever o que acabei de descrever. Fi-lo de forma consciente, para evitar que, mais uma vez, me pudessem acusar de estar a colocar – através de referências subliminares – o trabalho de Ronald Koeman em questão.

1 Comments:

Blogger RA disse...

estou a ver k finalmente entraram nos eixos
:)

sexta-feira, abril 14, 2006 9:02:00 da tarde  

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